Confúcio pregava: “Se queres prever o futuro, estuda o passado". Para André Torretta, consultor especializado em Brasil e autor do livro E agora, vai? – Porque o Brasil será tão diferente em 10 anos e como tirar proveito disso, mais do que analisar o passado, é preciso observar tendências. Segundo ele, o momento proporciona às organizações criarem modelos de negócio peculiares ao Brasil. Ele acredita que pensar no país dos próximos dez anos é refletir sobre a “incrível mudança que estamos assistindo”. Um exemplo, explicado em seu livro, é o mercado de telefonia celular que, em virtude do longo tempo que as pessoas gastam com deslocamentos nos grandes centros urbanos, vem crescendo e continuará em ascensão na próxima década. Na contramão de especialistas que comparam o Brasil a países antes classificados como Primeiro Mundo, o autor destaca que não somos comparáveis a Estados Unidos, Europa e Japão, mas a México, China e Índia, que têm problemas parecidos com os nossos. Exemplo disso, para ele, é o fato de hoje 72% dos brasileiros terem algum nível de analfabetismo funcional. “O México tem uma rede social para esse público. Como estão as interfaces dos bancos e portais no Brasil?”, provoca. Torretta acredita que com o fortalecimento da democracia, o fim da superinflação e um novo Brasil consumidor vigoroso, torna-se possível construir avaliações para indicar possibilidades de atuação profissional, novos nichos de negócio, oportunidades emergentes e riscos prováveis. Para isso, ele defende que os executivos brasileiros devem levar em consideração três drivers: 1. Crescimento: fatores que podem fazer o Brasil continuar crescendo, como bônus demográfico, esportes, petróleo, gás e commodities. 2. Restrição: itens que podem atrapalhar o desenvolvimento do País, como a crise da mão de obra, educação, planejamento e crises mundiais. 3. Caráter: aquilo que transformará o Brasil nos próximos dez anos, como a 2ª geração da classe média, descentralização do crescimento econômico, tecnologia, entre outros. Por meio de uma pesquisa junto a 26 formadores de opinião e mais de uma centena de adolescentes de oito estados brasileiros, Torretta identificou algumas oportunidades e tendências para as empresas brasileiras, como a ascensão de alguns segmentos sociais, como mulheres, negros, homossexuais e evangélicos. Pesquisas indicam, por exemplo, que a renda feminina está crescendo duas vezes mais do que a do homem e há um aumento crescente no número de famílias chefiadas por mulheres. Segundo ele, dados como esses mudam o perfil do mercado consumidor brasileiro. “As empresas precisam estudar as tendências para desenvolver produtos que atendam as necessidades desses públicos”, explica. O autor aponta também que novos eixos econômicos estão surgindo e que o desenvolvimento do Brasil não mais dependerá exclusivamente do eixo Rio-São Paulo. “No Centro Oeste, as commodoties estão transformando a região e criando o eixo Campo Grande-Cuiabá. No Sul, Porto Alegre-Curitiba está prosperando, enquanto no Nordeste (a China brasileira) há um crescimento econômico absurdo, fruto da indústria do turismo, da transformação, da agricultura, pecuária, confecção, etc.”, exemplifica. Apesar das oportunidades, Torretta avalia que o Brasil possui gargalos que podem frear seu desenvolvimento e representar riscos, como a falta de investimentos e planejamento em infraestrutura e educação. Aos líderes empresariais, o autor alerta: “O que deu certo há dez anos pode não dar certo hoje, porque temos um país diferente. É preciso entender em que momento estamos e observar as novas oportunidades que surgem todos os dias.” | |
|
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Brasil do futuro
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário