quarta-feira, 9 de abril de 2014

Você confia em pesquisas?

Esta é uma pergunta que todos se fazem quando as eleições se aproximam. Muitos acreditam. Muitos não acreditam.

Quem tem razão?

Certamente os dois lados.

Que existem institutos sérios e muito competentes, imagino que ninguém duvida.
A pergunta ou comentário que se faz, é se você conhece alguém que já foi pesquisado sobre algo de abrangência nacional e quase sempre a resposta é não.

Não sou expert em estatística, mas quem é consegue de modo relativamente fácil demonstrar que a forma com pouquíssimas pessoas envolvidas faz sentido e corresponde a estratificação da população. Quem sou eu para discordar?

O fato é que na última semana foi publicada uma pesquisa e reverberada em vários veículos e redes sociais que me deixou estupefato (sempre quis usar esta palavra em algum texto mas nunca tinha conseguido encaixar tão bem).

Para quem ainda não teve a oportunidade de ler, a pesquisa realizada pelo IPEA ( Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e publicada no Jornal Folha de São Paulo tem como principais conclusões o seguinte:

“A pesquisa apontou que 65,1% dos brasileiros acham que a mulher que mostra o corpo merece ser atacada”.

A maioria 58,5% também diz acreditar que: “se as mulheres souberem se comportar, haverá menos estupros”.

Esta pesquisa foi realizada com 3810 pessoas entre os meses de maio e junho de 2013.

Das duas uma: ou eu sou louco ou vivemos num país de loucos.

Desculpe. Posso ser ingênuo. “Burro” até, mas acreditar que esta pesquisa corresponde ao pensamento médio do povo brasileiro me faz realmente acreditar que este país esta a beira de um caos muito maior do que poderia imaginar.

Este números são absolutamente inadmissíveis sob qualquer ótica que se olhe. Pelo que se sabe, até mesmo nos presídios, os estupradores não são aceitos e correm sérios riscos.

Pensei antes de escrever este blog, pois muitos dos que o lêem poderiam não entender a minha relação profissional com o assunto. Verdade. Não tenho nenhuma. Só que penso em ajudar a mudar o país. Ajudar a compreender as mudanças nas empresas, organizações e como os seres humanos se comportam em tempos de mudanças. Precisamos nos adaptar aos novos tempos. Ao que vem por aí. Como iremos viver sob os mais diversos aspectos. Penso no futuro. Penso no amanhã. Em como ser melhor a cada dia. Em cometer menos erros. Em ajudar mais. Fazer o melhor que posso. Me tornar uma pessoa melhor a cada dia. Ser mais compreensivo e entender as posições com as quais não corroboro.

Isto não é uma lição de auto-ajuda. É a minha forma de pensar. Estou muito longe de conseguir, mas posso assegurar que tento.

Hoje percebo que por mais que acredite que eu tenha avançado como ser humano, confesso que ao ler esta pesquisa, retrocedi vários anos.

Quem me conhece mais profundamente sabe que sempre tento me colocar na posição do outro e entender o porque ele pensa de modo diferente e faço o possível para compreender.

Desculpe mas falhei. Não consigo entender. Juro que tentei mas não consigo entender que num país em pleno século XXl, possamos ver como resultado de uma pesquisa, dados tão assombrosos.

Vou ter que estudar muito ainda pois, por mais que eu tente, minha capacidade não me permite aceitar esta barbaridade. É triste. Muito triste que ainda tenhamos tanta gente pensando desta forma. Não vou me conformar com isto. Sinto muito mas desta vez não consigo entender os que pensam de outra forma.



Fonte: exame.abril.com.br

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