terça-feira, 24 de julho de 2012

MULHERES


Rosana Rossoni, 40 anos, dois filhos, sem diploma universitário, cheia de ideias criativas sentiu na pele a arrogância desmedida de quem está no poder. Só que , ao contrário do que poderia imaginar, essa postura condenável não veio de um chefe homem, mas de uma mulher. Viu alguém de fora – muito mais jovem e com vários canudos debaixo do braço – assumir um posto acima do seu, empregando um estilo implacável, ao lhe dizer logo de cara: “Você não está aqui para pensar e sim pra fazer”.
Ao ouvir essa história recentemente fiquei perplexo. Nada contra alguém mais jovem e preparada chegar tão cedo ao poder, muito menos sendo mulher. Minha indignação se deve apenas à postura arrogante que vi por anos e anos em minha longa trajetória se repetir por uma mulher. Comecei a conversar com outras tantas amigas que só reforçam o quadro da arrogância por parte da mulher quando ascende ao poder. Será que por terem sido tão discriminadas, acham que ao chegar lá precisam se impor por meio da opressão, forma de liderança que sempre combateram?
Claro que, tradicionalmente, a mulher vem sendo discriminada, desde os idos da história. Cenário que não mudou com o tempo. A discriminação continua presente nas empresas, embora seja oculta, velada. Quantas mulheres estão no poder? É fato que elas são maioria no ambiente de trabalho, mas minoria em cargos de liderança. Um contrassenso se olharmos para o que as empresas pregam quando dizem que têm uma política de diversidade – discurso para inglês ver e imprimir uma imagem de que são “boazinhas”.
No entanto, vejo todo o esforço na conquista de um espaço que lhes é mais do que merecido – quem não se lembra do memorável episódio da queima de sutiãs em plena praça pública? – se transformar em um instrumento de força, opressão e até mesmo de um poder cego, capaz de derrubar tudo e a todos que cruzarem seus caminhos.
Infelizmente, esse mau uso do poder que tanto almejaram acaba levando-as à rejeição, pondo em risco as suas conquistas. Muitas ainda não se acostumaram com o poder e acreditam que só por meio da força – característica que sempre condenaram nos homens, mas acabam replicando o mesmo modelo quando chegam ao topo – conseguem impor a sua liderança.  
As verdadeiras líderes precisam, na verdade, despertar para essa questão fundamental para continuarem na luta pelo seu espaço. Meninas, não se esqueçam da força que vocês têm se souberem usar e abusar das poderosas armas que são tão peculiares à natureza feminina, como flexibilidade, capacidade de atuar sobre várias frentes, sensibilidade, papel multidisciplinar, intuição e poder de persuasão.
Sabemos o quanto lhes custa caro chegar ao topo. Estar no poder é sinônimo de abdicar da vida pessoal e por isso tantos talentos femininos preferem sucumbir e voltar para casa, ou mesmo desprezam convites para serem promovidas em detrimento de uma vida melhor com os filhos, com o marido. A chave para o sucesso – seja ele qual for – está em suas mãos. O que fazer com tudo o que foi conquistado só depende de vocês. Por que, então, continuar replicando os mesmos padrões se brigaram tanto por mudanças?
É melhor continuar sendo mulher, ascender pelo talento e permanecer no poder pela competência. Sem arrogância desmedida.

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