segunda-feira, 23 de julho de 2012

Coaching da consciência profissional


No convívio com executivos, observa-se que muitas carreiras promissoras acabam andando de lado, os profissionais não desenvolvem suas potencialidades e estagnam em projetos jamais concretizados. E de onde vem esse brilho profissional frustrado? Em muitos casos, a razão está na ausência ou excesso de autocrítica e na falta de visão de seus próprios comportamentos, erros, acertos, limitações culturais e administrativas, que levam à inação ou ação negativa, contraproducente.

Nesse cenário, um dos aspectos que envolvem essa blindagem à autocorreção é a autoconfiança exacerbada que acaba cegando aquele que, sustentado em um falso poder pessoal, perde a percepção de seus próprios limites, uma característica humana que precisa ser questionada para não acionarmos o que o escritor português José Saramago chama de “uma espécie de alarme em relação a nós, que talvez seja não querermos saber quem somos na realidade”.

Acredito que a autocrítica pode ser comparada a uma espécie de fiscal da consciência que atua de forma dicotômica, ao mesmo tempo capaz de catapultar uma carreira e anular um processo de crescimento. Ou seja: tanto pode ser conselheira como carrasca. E o efeito depende de equilíbrio, uma vez que a sua ausência gera anulação e a autocrítica exagerada leva à ilusão do perfeccionismo, podendo acabar em subestimação dos próprios valores e consequente medo de exposição e ação.

Portanto, a autocrítica, para ser positiva, deve ser encarada como um pêndulo que trabalha em equilíbrio, cujo benefício está em favorecer a abertura para observações e críticas capazes de engendrar novos comportamentos em relação às pessoas e aos ambientes em que vivem, abrindo fronteiras para visões e perspectivas inovadoras percebidas por nós mesmos ou pelos outros. Isto por que ela nos abre tanto para a autocolaboração como para a colaboração daqueles que, direta ou indiretamente, dão suporte ao nosso crescimento profissional: família, amigos, colegas de trabalho, clientes, fornecedores, etc.

Como coaching da consciência profissional, a autocrítica producente deve ser estimulada e praticada pelas empresas e não evitada como uma questão incômoda. O desconforto inicial se desfaz durante conversas francas e colaborativas entre líderes e equipes, evitando a marginalização ou mesmo o insucesso profissional daqueles que, por falta de coragem ou estímulo, são incapazes de se perguntarem honestamente como estão agindo ou são vistos e o que podem mudar ou reforçar neles mesmos. Trata-se da criação de uma cultura empresarial capaz de evitar o grande erro citado por Goethe: "Crer-se mais importante do que se é ou estimar-se menos do que se vale.”


Denis Mello
Diretor-presidente
 
Fonte: FBDE | NEXION Consulting

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